sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

CLAMORES DE UM RIO AGONIZANTE




Olhem para mim
Eu sou o Rio Piracicaba
Que nasce nos montes de Minas,
e no Rio Doce deságua.
Estou sujo, elameado,
poluído,oleado, acabado.
Mas eu não nasci assim,
negro,sujo,indigente,
Meu estado é deprimente.
ja fui forte,vigoroso,
claro, límpido,orgulhoso.
Hoje quedo-me sombrio,
Em meu leito agonizante
nem pareco mais um rio.
Em minhas àguas ja não há
mais vidas,
estao mortas, poluidas.
em minhas margens já
não
se vêem lavadeiras,
tagarelando faceiras,
nem pescadores ou banhistas.
já não me tocam,
enojam-se de mim.
Mas eu não nasci assim!
Já fui importante!
Em minhas águas já navegaram
até bandeirantes.
Em meu leito de
pedras negras e nuas,

arrasto-me como velho doente.
Envergonho-me de passar entre as cidades,
viram-me o rosto, enojam-se de mim.
Mas eu não nasci assim!
Ouçam-me jovens,
crianças,estudantes,

E clamem por mim.
Eu não quero continuar assim!
Médicos, doutores,ecologistas,
paisagistas,artistas,
Olhem para mim,
Eu sou um pobre agonizante,
Salvem-me!
Quero ser de novo importante.
Mestres,poetas,sambistas,
Falem por mim!
Pescadores,garimpeiros,
navegantes,velhos senhores,
Lembram-se de mim?
Eu não fui sempre assim.
Ouçam-me:
Politicos,comerciantes,
autoridades,senhores importantes,
OS CLAMORES
DE UM RIO AGONIZANTE,

E salvem-me!
NÃO QUERO MORRER ASSIM!!!

AUT:Manira Marques Peixoto Lima